Problemas na sociedade portuguesa
Eis algo que me dei ao trabalho de transcrever para digital. Este artigo do Gimba, que li na revista Blitz de Setembro, expressou aquilo que sinto em relação à cultura em Portugal…mas que não sabia pôr em palavras.
Neste artigo está a resposta às minhas principais questões:
“Porque não gosto de ir ao cinema ver um filme português?”
“Porque gosto mais das músicas no idioma inglês que as músicas nacionais?”
“Porque dou gargalhadas quando vejo os Ídolos mas ao mesmo tempo fico triste?”
“Porque tenho a sensação que quando vou ver um jogo de futebol, apesar do barulho, parece que ninguém está a ligar nenhuma ao desporto?”
“Porque fico triste sempre que ligo a televisão num canal português?”
Segue o artigo
As telenovelas portuguesas – e a ficção nacional em geral – têm momentos deveras divertidos.
Na SIC, na RTP ou na TVI, pela pena de Manuel Arouca, Rui Vilhena, etc, e com elencos mais ou menos me®diáticos, o divertimento é garantido.
É impossível assistir à mais dramática das cenas sem acabar numa gargalhada. Porque todas estas produções têm um ponto comum: a inverosimilhança! E nem falo de situações inverosímeis nos enredos (há filmes pornográficos com tramas bem mais reais!). Falo na inverosimilhança de 99% dos diálogos.Porquê?
Porque a «música» do português – a língua que falamos todos os dias – foi de férias para a Jamaica!
O português que ouvimos em 99% dos nossos filmes, séries e novelas não tem a mesma «música» do português que falamos e ouvimos dia a dia, em casa, na rua ou no trabalho.
Quando viajamos para Nova Iorque ou Los Angeles, parece que entrámos num filme. Além dos cenários serem sobejamente conhecidos, a banda sonora – a «música» do inglês que se ouve, do taxista à gente da rua, enfim: ao comum dos mortais – é tal e qual a dos filmes! Seja em sitcoms, em séries televisivas ou em produções Hollywoodescas, a «música» do inglês quotidiano e as cadências e flexões da língua falada são fidelissimamente reproduzidas. Porque contêm as toadas que a tornam autêntica, familiar e – lá está – verosímil.Nos diálogos da nossa ficção falta quase sempre a «música» que poderia conferir-lhes a familiaridade e a verosimilhança do português quotidiano. Continua a falar-se aos bochechos, com tiradas tipo: «Sabes, eu…estive a pensar e…acho que tens razão». Até as frases mais familiares são sabotadas por ritmos e entoações absolutamente incríveis que produtores, realizadores e directores de actores insistem em usar. Quem fala assim «cá fora»? Ninguém!
Este fenómeno – e aqui é que está o «ponto G» – também sucede em muita da nossa música. Temos canções com toadas em que o português não é verosímil, e há letras que se estranham (e não se entranham) porque as palavras não soam familiares. Frases como «Sei-te de cor» ou «És a rainha da noite» soam a falso pelo simples facto que ninguém as diz! E, tal como nas novelas, há até frases mais familiares que são muitas vezes desvirtuadas por interpretações cheias de tiques, com entoações artificiais em que a língua «não bate» porque ninguém a fala assim.
Os autores e intérpretes deveriam pôr os olhos (e os ouvidos!) em frases como «Deixa-me rir» ou «Hoje soube-me a pouco», que são naturais, familiares e verosímeis porque são ditas como as dizemos e ouvimos dizer no quotidiano.And that makes the whole fucking difference!”
2 Comentários
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Por falar em sonoridades.
Ontem ouvi na tv, por puro acaso, a banda(?) k tocou o “Hino da alegria”, dirigida pelo tenor Plácido Domingo, numa cerimónia no Mosteiro dos Gerónimos com o PR,os príncipes espanhóis,… Fiquei de boca aberta, nem queria acreditar no que estava a ouvir. O hino parecia uma marcha fúnebre, arrastado, sem ritmo, sem expressão. Fiquei triste e teria vergonha se a fase de sentir vergonha pelos outros não tivesse acabado. A elite aplaudiu calorosamente e eu perguntei, serão surdos? Serão assim tão pouco cultos? Estarão todos comprados a um nível tão baixo? Estes “famosos” k tanto se preocupam com a imagem do nosso país lá fora apresentam um espectáculo tão enfadonho como este? Não sabem k temos muito melhor?
Por falar em sonoridades.
Ontem ouvi na tv, por puro acaso, a banda(?) k tocou o “Hino da alegria”, dirigida pelo tenor Plácido Domingo, numa cerimónia no Mosteiro dos Gerónimos com o PR,os príncipes espanhóis,… Fiquei de boca aberta, nem queria acreditar no que estava a ouvir. O hino parecia uma marcha fúnebre, arrastado, sem ritmo, sem expressão. Fiquei triste e teria vergonha se a fase de sentir vergonha pelos outros não tivesse acabado. A elite aplaudiu calorosamente e eu perguntei, serão surdos? Serão assim tão pouco cultos? Estarão todos comprados a um nível tão baixo? Estes “famosos” k tanto se preocupam com a imagem do nosso país lá fora apresentam um espectáculo tão enfadonho como este? Não sabem k temos muito melhor?