Build 2015 revela uma Microsoft cada vez mais compatível com plataformas rivais
Apps desenhadas de raíz para iOS e Android vão ser facilmente adaptadas para correr no Windows e vai ser possível, em Mac’s e máquinas Linux, programar para Windows. Abriu hoje, nos EUA, uma das maiores conferências mundiais para programadores.Lucien.Knuteson“A Microsoft foi criada por dois programadores com o objetivo de que todos tivessem a possibilidade de fazer mais com a tecnologia. Este é o conceito que ainda hoje perseguimos.” Foi assim que Satya Nadella, CEO da Microsoft, abriu a conferência Build esta manhã em São Francisco (final da tarde em Lisboa). O evento reúne mais de quatro mil programadores que vêm de todo o mundo para tomar contacto direto com os mais recentes desenvolvimentos das plataformas Microsoft. Este ano, Satya Nadella, o grande responsável pela mudança de estratégia da empresa – apoiada no conceito “mobile first, cloud first” – explicou que a empresa está perante três grandes transformações: “fazer a cloud mais inteligente, reinventar a produtividade e processos de negócio, transformar a computação pessoal”. Referia-se, claramente, aos três pilares da Microsoft: as plataformas Azure, Office e Windows.
Windows 10
“O Windows 10 representa uma nova geração do Windows que é feita para permitir uma computação mais pessoal que vai desde o Rasperry Pi até ao computador Holográfico”, disse Satya Nadella antes de Joe Belfiore, o responsável pela Divisão Windows, começar a desfilar as novidades sobre a próxima versão deste sistema operativo. A grande “notícia” é a definição (finalmente) do nome do browser que vem substituir o Windows 10. Chama-se Microsoft Edge e ficámos a saber, ainda, muito pouco. Além de que integra a Cortana, a “nova tab” foi redesenhada e que é muito simples, ao que diz a Microsoft, integrar extensões.
Quanto ao sistema operativo, e visto que estamos num evento dedicado a programadores, a Microsoft revelou que as apps desenhadas para iOS e Android vão ser facilmente reutilizadas para o Windows. Ou seja, a Windows Store vai suportar: Android e Java/C+, iOS e Objective C. Desta forma, garante a empresa, vai ser fácil aos programadores desenvolver uma app que chega, rapidamente a todo o ecossistema Windows.
É importante referir que a Microsoft também anunciou o suporte a .Net e a Win32 o que vai permitir trazer aplicações mais antigas para dentro da nova plataforma. Finalmente, ainda dentro do tema do suporte para diversas plataformas e linguagens de programação, a Microsoft anunciou que é possível reaproveitar o código usado para desenvolver um website para o apresentar em formato de app.
Durante as demonstrações foi possível ver, em tempo real, uma app de iOS a ser “portada” para o Windows e, ainda, depois de ser jogada, a receber um score do Xbox Live no computador. O que é deveras impressionante tendo em conta todas as plataformas utilizadas.
Aliás, foi explicado que o Windows Phone 10 vai integrar uma layer de software que vai permitir importar facilmente as apps Android.
A Microsoft relevou que, após o lançamento do Windows 10, espera que em “dois a três anos” existam no ecossistema Windows “mais de mil milhões de dispositivos”. Um número que deverá ter sido, acreditamos, muito interessante para os programadores presentes no evento.
Finalmente, foi possível ver mais algumas demonstrações de como se comportam as aplicações quando são acedidas a partir de
Azure, o grande destaque
A área dos serviços Cloud é a que mais cresce na Microsoft e a empresa vê a disponibilização de serviços online como parte do futuro do negócio de vender software – ao contrário da venda de licenciamento que foi, durante quase 40 anos, o modelo de negócio da Microsoft.
É preciso ter em conta que a Divisão Cloud era gerida por Satya Nadella antes de ser nomeado CEO.
“Mais de 40% da receita gerada pelo Azure vem de startps e mais de 50 triliões de objetos estão armazenados no sistema de armazenamento do Azure. Aliás, o Azure já gere mais de um milhão de servidores”, afirmou Scott Guthrie, Executive VP Cloud+enterprise. O responsável pelo Cloud da Microsoft reforçou o esforço que a empresa tem vindo a fazer para integrar outras plataformas – algo que está de acordo com as novas diretivas de Nadella que, desde que assumiu o comando da empresa, quer fazer da Microsoft uma empresa mais aberta trabalhando de forma mais próxima com a comunidade de software livre. Neste keynote, foi possível ver uma sessão de debugging feita a partir de Linux, mas integrada no Visual Studio, por exemplo.
Mas a Microsoft foi mais longe e anunciou o Visual Studio Code, um editor gratuito de código que suporta dezenas de linguagens e corre em Windows, MAC e Linux. A ferramenta está disponível em visualstudio.com a partir de hoje.
A empresa anunciou, também, o Azure Data Lake Service, um serviço que vai, segundo a Microsoft, armazenar e gerir uma quantidade interminável de dados. O outro novo serviço anunciado para o Azure foi o SQL Data Warehouse. Também ele um serviço de armazenamento inteligente de dados.
Office 365
Este pilar da empresa foi o que menos destaque recebeu no keynote desta manhã. É compreensível, em breve vai ser revelada a versão 2016 do Office e a Microsoft empenhou-se hoje em mostrar, apenas, a forma como o Office está a facilitar, cada vez mais, a integração de aplicações de terceiros. Foi possível ver, por exemplo, uma extensão do serviço UBER que envia avisos para dentro do Outlook com ligação aos mapas ou o serviço PicHit (que vende imagens) que pode ser acedido dentro do Powerpoint. A ideia é que os programadores e as empresas aproveitem estas capacidades para disponibilizar os seus serviços diretamente nas aplicações da suite de produtividade da Microsoft.
Hololens
A apresentação que abriu a Build terminou com uma demonstração dos Hololens. O sistema de Realidade Aumentada da Microsoft parece ter muito potencial, a julgar pela apresentação onde foi possível ver um ecrã de vídeo que pode seguir o utilizador pela casa ou, por exemplo, definir locais dentro de um espaço que servem para mostrar conteúdos específicos. Também vimos os Hololens a ajudaram em processos clínicos e integrados na Internet das Coisas (com o controlo remoto de um pequeno robô). Amanhã vamos ter a oportunidade de os experimentar em primeira mão e fica prometida uma primeira análise. Infelizmente, sem acesso a imagens que estão totalmente proibidas.
Pode ver a apresentação na totalidade neste vídeo colocado já no YouTube.
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